Superman - A Era Espacial e o Que Fazer Durante o Fim do Mundo?


A ideia de Mark Russell é muito boa: a história do Superman de uma das Terras destruídas em Crise nas Infinitas Terras. Eu mesmo não sei se mais alguém já teve essa ótima ideia para roteiro que é mostrar os acontecimentos até o momento de Crise, mas, em outro universo. Afinal,é tanta coisa que sai em quadrinhos da DC que sabe-se lá se já não foi feito algo parecido. Mas, tendo sido feito ou não, Superman - A Era Espscial é que chamou a atenção logo de cara. 

O que digo a seguir não é spoiler, pois faz parte da premissa da HQ: um Superman que começou suas atividades há pouco tempo, tanto como herói, assim como repórter vai entrevistar um estranho homem chamado Pária - personagem nascido em Crise - que diz saber o que vai acontecer dentro de 20 anos que, no caso é a destruição daquela Terra e daquele universo por um ser chamado Anti-Monitor. Cético, Clark acredita ser apenas alguém querendo chamar a atenção, mesmo que aquilo o tenha deixado um pouco abalado. 

Então a história prossegue nos motrando a vida deste Superman como super-herói e sua vida como Clark Kent, o repórter e nesta vida há muitas referências aos vários outros Superman que conhecemos ao longo desses mais de 80 anos do personagem. Por exemplo, seu pai biológico, Jor-El, tem o visual da Era de Ouro; a Fortaleza da Solidão é como no filme de 1978, o lugar onde se reúne a Liga da Justiça tem o mesmo design daquela do desenho dos Supermigos, e por aí vai. E sim, aparecem os outros membros da Liga, Batman tendo até mesmo um bom tempo de "tela". 


Apesar do grande hype com que foi recebida a HQ, alguns batendo o martelo dizendo tratar-se de um clássico moderno, eu não achei para tanto, apesar de ter gostado. Apenas queria ter gostado MAIS. Deve ser apenas o segundo quadrinho de Mark Russell que leio e, não sei se por coincidência ou não, os dois me passaram um tom de livro de auto-ajuda.

A primeira HQ que li de Russell foi O Retorno do Messias (publicado aqui pela Comix Zone), um quadrinho que se propõe a fazer humor com um Jesus que ajuda um super-herói. O tom de livro de auto-ajuda está muito presente e, como se estivesse receoso de desagradar religiosos, o humor é muito ameno, quase bobo, no mau sentido. Nesse sentido, a HQ Battle Pope, nunca publicada aqui no Brasil, vai bem mais fundo e não tem medo das polêmicas. O autor é o criador de The Walking Dead e Invencível, Robert Kirkman. 


Claro, o tom de A Era Espacial talvez não tivesse como ser de outro jeito, afinal boa parte é narrada pelo Superman, um cara super-otimista e com um grande coração. Em resumo, o Superman que todos conhecemos, menos o Zack Snyder. Mas, acho que ficou demais da conta. Não é um desastre mas, na minha opinião, e apenas isso, opinião, não consegue ser um clássico instantâneo como foi All-Star Superman e As Quatro Estações. Mas, com certeza, é algo bem distante da mesmice que estamos acostumados. 

Mark Russell e Mike Allred criam algo diferente quando nos mostram o ponto de vista de outro universo entre aqueles infinitos que haviam antes de Crise. E o Superman deste universo passa, cada vez mais, a ter certeza que sim, tudo vai ter um fim, e ele não sabe como lidar com isso, mesmo com todo o poder que ele tem. Dentre as muitas frases motivacionais que Russell encharca a HQ, a que mais me deixou tocado foi a definição de herói que o Superman dá à Lois Lane: 

"Herói é alguém que nunca pensa na importância que tem para o  mundo, mas sim que compreende o quanto o mundo é importante pára ele". Mandou bem, Mr. Russell. 

Comentários