O Fim da TV?



Claro que não. Ou pelo menos não tenho como predizer isso. A TV, quando chegou, se dizia que ela acabaria com o cinema e o rádio. No entanto, os dois estão por aí até hoje. Então, a internet  e os canais de streaming vão acabar com a TV aberta e fechada? Provavelmente não. Porém, individualmente o assunto muda de figura. Para mim, creio que já teve seu fim. 

Quando eu era muito criança ainda, meus avós paternos vieram morar na nossa casa, e com eles, meus dez tios e tias. Durante este tempo nós moramos numa casa menor que ficava nos fundos. Foi uma época incrível. Quando chegava o domingo e Os Trapalhões começava na TV, lá pelas sete horas da noite, eu, meu irmão, minhas duas irmãs e aquela turma enorme de tios e tias, nos sentávamos em frente à TV para dar boas gargalhadas.

A TV parte da vida da maioria das pessoas na face da Terra. Crescemos com ela em nossa vida e é praticamente uma parte natural dela. Quando eu era criança, a TV era aquela porta de entrada paraa um mundo de fantasia e emoção. Consigo lembrar em detalhes até hoje coo foi ver a inauguração da TV Manchete, em 1983, pois estava lá, a postos, esperando ela começar. Foi um acontecimento e tanto. 


A Sessão da tarde era uma programa obrigatório. Sem poder ir ao cinema ainda, jovem demais, duro demais, essa era a forma de se conseguir ver tais filmes. Sem contar o saudoso Primeira Exibição, aos sábados, que foi substituído pelo Supercine. O videocassete ainda era um sonho distante. 

Novelas eu assistia praticamente todas: O Profeta (a primeira versão), O Todo Poderoso (na Bandeirantes), Água Viva, Pecado Capital (a primeira versão), Guerra dos Sexos, Selva de Pedra (a segunda versão), A Gata Comeu, Roque Santeiro, Que Rei Sou eu? e por aí vai.

Me divertia não só com Os Trapalhões, mas com Viva o Gordo, Chico City, Balança Mas Não Cai, Planeta dos Homens e muitos outros programas humorísticos. Nos infantis, o mais antigo de todos de que me lembro era o Capitão Aza, a Xuxa da minha época. Quando ela chegou e tomou o lugar de gente como ele e Daniel Azulay, eu ainda era garoto, já tinha saudades daquele apresentado com capacete de piloto de jato. 

Também me deleitava com tudo que esses programas traziam para nós, fedelhos: Speed Racer, Ultraman, Ultraseven, Pirata do Espaco, Marco (que passava no Domingo no parque do Silvio Santos), Spectreman, e tantas outras coisas que fica difícil listar. 



E, falando em Sílvio Santos, era aquele com qual todos nós crescemos, com seu Domingo no Parque, Qual é a Música?, Namoro na TV e Show de Calouros. Assistíamos tudo, de cabo a rabo. Era um tempo muito anterior à este em que vivemos hoje, onde o apresentador se mostra tãao solícito a um presidente autoritário onde seus filhos vão ao seu programa armados.

Não sei a qualidade dos programas era a melhor do que hoje. talvez eu tenha apenas ficado velho e ranzinza, mas, sei que o impacto da internet se fez sentir em meu caso específico. Passando mais tempo entre blogs e gibis, fazendo posts e me aventurando em criar fóruns. Conversando com as pessoas por MSN, Orkut, Twitter e Facebook. Aprendendo a compartilhar tudo que eu aprendia. Tudo isso foi me fazendo distanciar da TV. 

Ela ainda teve uma sobrevida quando chegou a TV a cabo. Assisti muita coisa, desde Friends até O Laboratório de Dexter, passando por Bob Esponja e filmes e mais filmes no Telecine, TNT, Canal Sony e etc. Parecia  que a internet tinha um poderoso inimigo ali. Mas, com o tempo, a mesma coisa que aconteceu coma TV aberta foi acontecendo também com a fechada. Fui perdendo o interesse. 

Mesmo quando surgiu a Netflix eu não me interessei tanto, ainda mais por a TV não ser uma smartv. No entanto, mesmo usando a TV para se ter acesso, Netflix era internet, e funcionava de modo muito mais prático. Levou alguns bons anos, mas, por fim, instalei mais esse prego no caixão da TV aberta e paga. 



O surgimento de coisas como Big Brother e centenas de outros reality shows só me fez ver que não estava perdendo nada demais em abandonar aa TV convencional. Não por moralismos ou uma pretensa intelectualidade - eu assisto filmes do Adam Sandler na Netflix, então... -, mas por uma espécie de esgotamento mesmo  ou, talvez, de preenchimento pela internet, substituição. 

Gostar de TV não é nenhum problema. Creio que ela vá estar aí por muito tempo ainda. Mas, para mim, restam só mesmo as memórias de criança e adolescente.Aquele tubo mágico, ao qual eu girava aquele seletor duro, mexia na antena, em cima da casa, corrigia o vertical e o horizontal, mexendo em botões atrás dela e, por fim, me sentava no chão e vivia aquele mundo de raios catódicos. 



Comentários

  1. Tenho uma história parecida com essa, inclusive com quase os mesmos programas. Lembro de ver Os Trapalhões todo domingo, com um copo de leite com Toddy e misto-quente como lanche. Lembro da Sessão Aventura com os seriados do Hulk e Homem-Aranha. Mas, o que mais lembro são dos desenhos que passavam pela tarde, seja na Band (na época, Bandeirantes) e no SBT, principalmente nas férias. Não vejo TV desde o final dos anos 90. Aqui em casa faz pelo menos um ano e meio sem televisão, desde que a última pifou. Não faz falta. Concordo que ela não vai acabar, não. Tem muita gente que, apesar de ter internet, não larga a programação da televisão de jeito nenhum. Entretanto, programas diversificados na TV aberta como antes, nunca mais existirão - na minha opinião.

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  2. Aconteceu a mesma coisa comigo. Praticamente só assisto esportes na TV. E mesmo assim, estou pensando seriamente em assinar um globo play da vida e assisto por lá o que eu quiser.
    Em matéria de novelas, creio que Que rei sou eu? seja a que eu tenha mais gostado. Ela reprisou algumas vezes, até na sessão aventura (eu acho que é esse o nome, era o programa que passava depois da sessão da tarde). Era uma outra vida.
    O grande ponto, ao meu ver, foi a liberdade. Antes não tínhamos. Como não vou assistir a globo se era a única que pega na minha TV com bombril na antena?!? Hj vc assiste o que quiser, quando quiser e onde quiser. E no futuro, quando nossa geração morrer (a geração que tem entre 30-50),vai acabar com todas essas mídias que reinavam na nossa época. TV, livros, jornais... Nós que que sustentamos, ainda, isso. O povo mais novo já vem com um celular grudado na mão e só usa ele pra tudo. Até as escolas terão que se adaptar, já que a escrita manual não passará do básico, no sexto ano em diante, ela não tem mais sentido em ser usada.
    Novos tempos. É legal estarmos vivos pra presenciar essa mudança!

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  3. Faltando quatro anos pra completar meio século de vida, também me lembro de muita coisa na TV. Assisti em P&B mesmo, já que antes dos 80's só tínhamos aquela velha Colorado barriguda que foi finalmente trocada pela colorida, mas igualmente redonda Telefunken. Há muitos filmes antigos que passam pela minha memória como partes de algum sonho, e outros são reavivados aqui no Rapadura.
    Mas é isso. Creio que a TV já teve seu momento de única no pódio, hoje tem que dividir a atenção com outras mídias. Eu mesmo até esqueci do boa noite do Bonner.
    Mas é isso. Nós, mais antigos temos belas lembranças de um tempo muito feliz que foi nossa infância.
    Valeu!

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  4. Belo texto esse. Faz lembrar o quanto era bom a simplicidade dos programas da tv antes. As pessoas que viveram esse momento sabe o quanto eram felizes de verdade.

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  5. lembro das tardes dos anos 80s em que eu ficava mudando de canal entre record e bandeirantes pq ambas passavam desenhos á tarde e eu não sabia qual eacolher kkk lembro que na record tinha Patolino , safiri , roger ranget , george o rei da floresta , gato corajoso e rato minuto , a turma do Gasparzinho , poderoso Hércules , jambo e ruivão , jackson five , brucutu e sua turma , fantomas , savamour e a noite tinha ultraman e ultaseven ! ja na Bandeirantes lembro walligator , maguila o gurila , pequeno polegar detetive particular , hong kong fu , carangos e motocas , João grandão ... na globo eu lembro da corrida espacial e superamigos aos domingos e no sbt lembro de manha do gato felix e vira lata e a noite sapula pula além do Spectreman ! good times velhinhos !

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