[Leitura Obrigatória] 2001 - Uma Odisseia Cinematográfica

A grande maioria dos filmes são puro entretenimento, o que é muito bom, por sinal. Uma vida sem entretenimento seria algo no mínimo tedioso. Mas, uma parcela dos filmes levados às telas, demandaram uma certa batalha para fazer o espectador não apenas gostar dele, mas tê-lo, para sempre na memória, como um aprendizado, mesmo que a pessoa nem mesmo entenda bem o que aprendeu. O filme de Stanley Kubrick e Arthur C. Clark é um destes. 

A capa de 2001: Uma Odisseia no Espaço - Stanley Kubrick, Arthur C. Clarke e a Criação de Uma Obra-Prima, do escritor Michael Benson, é, por si só, um apelo inexorável para que você leia este livro. É como se dissesse, aqui você vai encontrar o que procura e não vai se arrepender.

Confesso que nem sou um aficionado pelo filme. Não lembro quando o assisti pela primeira vez, mas, com certeza deve ter sido na TV, em algum momento que eu estava sem sono e resolvi continuar assistindo aquele filme de que tantas pessoas falavam. Ao final, nem preciso puxar pela memória para saber que não entendi absolutamente nada. Porém, senti também que isso pouco importava. A grandiosidade de tudo aquilo era inegável. 

Assisti o filme mais algumas vezes ao longo destes meus 50 anos, mas sem me desgastar tentando decifrá-lo. Mas, quando vi este livro, sabia que ali estava  aquilo que ia me explicar tudo sobre 2001 - Uma Odisseia no Espaço.

O livro começa tratando do encontro de titãs, Kubrick e Clarke, que começam a trabalhar juntos neste projeto que duraria quatro anos. Começam com conversas sobre filmes de ficção-científica, ciência, vida fora da Terra e etc. As coisas se desenrolam cada vez mais até começar a aparecer o que viria a ser um clássico. Sim, uma obra-prima, mesmo que muitos não queiram admitir isso. 

A narrativa, em grande parte, é uma espécie de making of muito detalhado, que não apenas adentra as particularidades do filme, mas de Kubrick, Clarke e de algumas pessoas da equipe, como o técnico de efeitos especiais Douglas Trumbull e do garoto que servia o chá, Andrew Birkin que, por um golpe de sorte, se tornaria um dos protegidos do diretor. 

A produção é totalmente destrinchada por Benson, que nos leva ao espaço e á pre-história. Sobre o trecho que abre 2001, ficamos sabendo tudo sobre o homem-macaco Moonwatcher, como o ator  e mímico que o interpretou foi também o responsável pela coreografia de todos os outros e por trazer cenas memoráveis à vida. Junto com ele, o técnico de maquiagem que trabalhou duro para que tudo parecesse o mais real possível. 

Numa produção tão grande, ela acaba sendo construída como um quebra cabeças, onde Kubrick tem a imagem faltando algumas partes que outros completam, pouco a pouco. Contribuições valiosas vindas de atores, produtores, e das pessoas mais inesperadas. 

O livro é extenso, mas muito confortável de se ler. E, ao fim dele, mesmo que você continue sem entender tudo sobre a trama de 2001, você, com certeza vai entender absolutamente tudo sobre o que ele significou para aqueles que o fizeram. E, daí então, ele ganhará um novo significado.