Diana Prince e o Complemento do Coração



Tudo começou em um dia que eu passeava com o Guerrero - um de nossos três filhos caninos, contando com ela - e me deparei com um sem teto em uma cadeira de rodas, e no chão, dormindo, uma filhotinha branca. Me abaixei para acariciá-la e percebi que um de seus olhos parecia menor. Ele disse que era assim mesmo, que tinha um problema. Na verdade, percebi depois, era apenas uma pequena mancha que circundava um e o outro não tinha nada, isso criava uma ilusão de um olho menor que o outro. Me levantei e fui embora, apesar da vontade de levá-la comigo. Não podia pegar todos.

Em casa estavam Lucy, nossa primogênita canina, a que compramos, pois não tínhamos consciência ainda sobre adoção. Essa consciência ganharíamos por causa de Lucy, uma bichon frisé (se parece com poodle). Guerrero estava ali comigo, passeando. Foi resgatado pelo meu sogro e quando ele se mudou, nós ficamos com ele e com minha sogra. Além desses dois, havia os felinos: Bebel, adotada da escola onde Lia trabalhou; Kira, adotada de um pet shop; Milu, pegamos da minha sogra antes dela vir morar conosco; Julieta, uma mãe de aluno deu à Lia (faleceu há três meses); Margarida, adotamos de uma pet shop; Skyzinha, adotamos de um abrigo (já faleceu e contei a história dela aqui); Pompom (uma colega de Lia pediu que a adotássemos, pois ela não tinha como ficar); Selina Kyle (veio da mesma colega, que a encontrou na rua); e, or fim, Juca Bala, o caçula, resgatado de cima da barriga de um bêbado que dormia. Quando vi Diana ainda não tínhamos Juca Bala.

Bom, achando que não veria mais Diana, fui embora. Alguns dias se passaram e eu e Lia estávamos andando pela mesma rua, indo pra casa. O homem na cadeira de rodas estava no mesmo lugar. Estava com Diana, um cotoquinho, nas mãos. Quando nos aproximamos, ele estendeu ela paara nós e perguntou se eu queria, pois devia se lembrar de como eu havia gostado dela. Eu titubeei, pois sabia que era mais uma responsabilidade entre tantas que já tínhamos. Mas, claro, Lia não pensou duas vezes e disse um sonoro sim. Nós a pegamos e levamos pra casa.

O que mais me chamou a atenção foi o fato dele não ter pedido nenhum dinheiro por ela, coisa que eles costumam fazer com relação aos cachorros que pegam e querem passar adiante. Logo entendi mais ou menos o porquê: Diana era da pá virada. Ou sejaa, não devia estar dando sossego a ele. Porém, mais tarde descobriria que ele me deu sem que a esposa e os netos soubessem, o que me renderia uma cena de terror mais tarde.

Diana logo se apegou a Guerrero e o tomou como um irmão mais velho. Lucy não fazia questão de amizade e os gatos a aturavam. Pompom que tinha quase sua idade, era a que mais "sofreu", pois Diana adorava brincar com ela... do seu jeito. E Pompom gostava.

Diana crescia rápido e era hiperativa. Dormir se tornou uma batalha, pois era a hora em que parecia que sua bateria estava no máximo. Mas, isso nunca nos fez desistir. Kira, uma das gatas, era o cão chupando manga para dormir, correndo por cima de nós de garras abertas... e sobrevivemos. Esse era apenas mais um desafio que venceríamos. Mas, outro problema apareceu que nos deixou mais preocupados, Diana adoeceu gravemente. A certa altura ela estava tomando dez remédios diferentes. Mas, seguíamos firme e forte.

Um pouco depois que ela melhorou, eu estava passeando com ela, quando aconteceu a tal cena de terror. A esposa do sem-teto me viu na rua e pediu para segurá-la - eu ainda não sabia que ela não tinha concordado com a entrega dela - e quando eu, inocentemente a entreguei para ela segurar, de repente, ela não queria mais soltar. Dizendo que sentia falta e etc. Eu me apavorei, pois Diana ainda estava se recuperando e se tivesse recaída poderia simplesmente morrer. Eu gaguejei algo sobre ela estar melhor conosco, mas ela não ouvia. Eu coloquei a mão sobre o corpo dela, mas ela segurava a guia. Então, a única coisa que pensei em fazer foi soltar a guia e deixá-la para trás. Como se acordasse, a senhora viu que era o melhor me devolveu a guia.

Por vários motivos Diaba estava melhor conosco. Lembro que o lugar onde eles ficavam com ela, onde a vi com ele, era em uma calçada que tinha menos de um metro de distancia entre a cadeira e a pista onde carros passam aos montes. E nem sempre ela ficava presa, apesar de estar com a coleira. Outro detaalhe foi qque, quando a peguei, notei que eu seu peito havia pequenos pontos pretos que, raspando com a unha saía, mesmo que com dificuldade. Não sabia o que era aquilo. Porém, lembra que, um tempo antes, quando uma senhora a viu comigo, disse:

- Ah, que bom que ela está com você. Eu vi uns garotos arrastando ela.

Ou seja, aquilo era resquício de asfalto ou qualquer outra coisa do chão que grudou nela. Eles entregavam ela aos netos para que brincassem e eles a tratavam como se fosse um carrinho ou algo parecido.

O tempo passou e Diana já fará 2 anos agora em agosto, pelos meus cálculos. Eu a peguei em outubro de 2017, quando ela tinha dois meses. Hoje em dia comparo Diana ao celular: quando não tinha, não sentia falta, agora que a tenho, não imagino minha vida sem ela. Ela completou o trio canino e conquistou a todos, inclusive a própria Lucy, nossa mais velha que, mesmo um pouco ranzinza, foi laçada pelos olhares pidões de Diana.

Ela é forte e inteligente. Sinto que várias vezes ela tem uma profunda decepção por não conseguir falar. Outro dia aconteceu uma coisa incrível: minha sogra depende que eu a levante, para levar ao banheiro, e etc. Geralmente é a tia da Lia - que mora conosco, também - que me avisa. Mas, desta vez ela não estava próxima e eu estava aqui no quarto do computador. Diana apareceu, como sempre faz, só que desta vez começou a me cutucar com a pata, coisa que ela nunca fez. Foi quando escutei minha sogra me chamando. Por incrível que pareça, minha sogra me disse que falou a Diana para me chamar. Diana é tudo, menos treinada. Na verdade, ela que me treina.

Ah sim, como cheguei ao nome para ela? O homem a chamava de Princesa. Eu não queria que fosse um nome tão corriqueiro. Então pensei, que seja Diana, de Princesa Diana, a Mulher Maravilha, não a Princesa Di. Diana também é dominante. Pelo menos a nós aqui ela já dominou completamente.

Meses depois ela ganharia um novo irmãozinho, o Juca Bala, a quem se apegaria fervorosamente, e de quem falarei em um post futuro. Diana manda mordidas carinhosas a todos.

Diana e seu irmão, Juca Bala

Comentários

  1. Eu adoro essa cronicas, Eudes. Diana e Juca estão em boas mãos.

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  2. Eu tive um susto.... passei um tempo fora e quando volto o Rapadura Açucarada(site antigo) já não existe mais... fui atrás e vi que derrubaram o site, teve um problemão.

    Como a gente faz agora ? Você vai continuar postando as HQs/Filmes ou já era ?

    E aquele material que tinha no site anterior ?
    Como nós fãs devemos proceder agora ?

    Tô muito triste pelo que aconteceu... era meu site de HQs favorito.

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    1. Andarilho, dê uma olhada no post "Telegram - A Salvação", aqui no blog.

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